O cão
selvagem veio a mim antes do livro, como
num sussurro mediúnico, quando me deparei com o aforismo “Ser realizado é como
ser cão amestrado”, escrito por ele em papel avulso e datado de 2002. Certa
vez, Heitor me disse que nunca havia conseguido compreender nada em sala de
aula; que quase todas as matérias lhe davam calafrios; e que, por isso, nunca
almejou nada na vida escolar. De fato, Heitor jamais foi encarcerado em grades
curriculares, muito menos amestrado pelo academicismo. Sua universidade é a
poesia. Seu conhecimento veio (e vem) do mundo; da leitura voraz de livros,
jornais e revistas; jornais e revistas, aliás, que, por muito tempo, foram seu
sustento. Jornalista autodidata, Heitor tem transitado, desde os anos 1960, por
veículos impressos e televisivos. Mas o que corre mesmo em suas veias — como um
simples e, ao mesmo tempo, complexo ato fisiológico — é poesia, uma poesia irrealizada, selvagem.
Por, Renato Cunha.
Por, Renato Cunha.
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